quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O Hospital Penitenciário

Reportagem do JT de 10 de fevereiro de 2010.

Interessante fazer parte de algo que funciona e é reconhecido!

O Hospital Penitenciário

DIRETOR DA ACADEMIA PAULISTA DE HISTÓRIA
E MEMBRO DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS

Antonio Penteado Mendonça

Faz seis meses que a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo assumiu a gestão do Hospital Penitenciário. Dando continuidade a uma parceria bem-sucedida, o governo do Estado transferiu a gestão do único hospital do sistema prisional paulista para a Irmandade da Santa Casa de São Paulo. E os resultados já podem ser vistos.

De uma construção decadente, com poucos recursos e praticamente sem condições de atender os presos doentes, neste espaço de tempo, o Hospital Penitenciário está recuperado, bem pintado, preservado, excepcionalmente limpo e passou a contar com um corpo de médicos, enfermeiros e paramédicos da mesma qualidade oferecida pelas demais unidades da Santa Casa de São Paulo.

Não é pouco. Especialmente quando lembramos que o Hospital Central, na Vila Buarque, é referência em diferentes ramos da medicina, que o banco de sangue é dos mais importantes do Estado, que o pronto-socorro é um dos maiores do País e que o Hospital Santa Isabel, sua unidade paga, está entre os melhores de São Paulo.

Assumir a gestão do Hospital Penitenciário foi uma decisão difícil. Pela tipicidade de sua operação, pelo grau de depauperamento das instalações, pela falta de equipamentos pelos vícios do sistema prisional, entrar numa atividade na qual os profissionais da Irmandade não tinham prática poderia ser um risco grande. Mas um risco que valia a pena correr. E que seis meses depois começa a mostrar resultados positivos.

A melhor forma de mostrar o grau de profundidade das mudanças é dizer que lá, atualmente, são realizadas 3 cirurgias por dia. Seis meses atrás o hospital não tinha capacidade para fazer qualquer intervenção, obrigando as autoridades penitenciárias a desenvolver verdadeiras operações de guerra para transportar os presos para hospitais que lhes dessem o atendimento necessário.

Além disso, as condições de atendimento e conforto dos presos internados no Hospital Penitenciário já faz com que os prisioneiros procurem estender o máximo possível seu tempo de internação.

Boa parte dos internos é portadora de doenças infectocontagiosas. A aids e a tuberculose se destacam, mas os problemas psiquiátricos também ocupam lugar importante das estatísticas.

Com as mudanças administrativas, com o atual corpo profissional, com a recuperação das enfermarias, com a instalação de unidades de exames diagnósticos e laboratório clínico, centro cirúrgico e consultório dentário e com a mudança na alimentação a Santa Casa de São Paulo e o governo do Estado estão criando o primeiro hospital referência para o sistema prisional brasileiro.

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